terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Caminhando pra Rio das Flores

Dessa vez sem a "Lindona". 

Em Rio das Flores não tem camping, o que é uma pena já que é um lugar muito bonito e tranquilo. Por isso, neste post, achamos que vale a pena mostrar um pouco da cidade que guarda a história do ciclo do café, com suas fazendas do século XIX. Também mostrar a força das mulheres artesãs que movimentam a economia local, com muita organização. 

Infelizmente , não conseguimos conhecer as cachoeiras e trilhas dessa cidade porque o fim de semana estava chuvoso e não deu tempo para fazermos os passeios voltados para o ecoturismo. 

Rio das Flores é um município do estado do Rio de Janeiro e tem como limites os municípios de Belmiro Braga-MG e Valença-RJ. Fica perto da capital do Rio de Janeiro, a cerca de 164 km de distância.

A cidade é bem pequena e acolhedora.


Morro do Cruzeiro



Vista da cidade a partir do mirante do morro do Cruzeiro
As ruas tranquilas de Rio das Flores



Igreja Matriz Santa Tereza D'Avila onde Santos Dumont foi batizado


Nossa primeira parada em busca do artesanato local foi em uma antiga estação ferroviária, recuperada pela prefeitura.
Antiga estação de trem: Cachoeira do Funil

mulheres tão bacanas que não dá pra ficar sem abraços


Nossa segunda parada foi no distrito de Manuel Duarte onde está localizada a Florart- Associação de Artesãos de Manuel Duarte e Porto das Flores. Este espaço também funciona em uma antiga estação ferroviária, recentemente reformada. São, aproximadamente, 60 artesãos, na sua maioria, mulheres, que movimentam a economia local.

Entrada da Florart

Os pés de café ladeiam a porta nos fundos da antiga estação
Na Florart encontramos um artesanato voltado para o resgate de práticas artesanais tradicionais da região.


E continuando nessa caminhada cultural, fomos almoçar na Fazenda Santo Inácio, que tem uma comida regional maravilhosa feita em fogão a lenha. Esta fazenda é muito conservada.

Fazenda Santo Inácio
Salão na Fazenda Santo Inácio
Sobremesas irresistíveis
Depois do almoço seguimos para Belmiro Braga, em Minas Gerais. Atravessamos o rio Preto (aquele mesmo que aparece na nossa viagem para Maringá, em Visconde de Mauá) e fomos para a Fazenda Boa Esperança.


Fazenda Boa Esperança
Agendamos essa visita de manhã, e lá estava nos esperando o Sr. Maurício, herdeiro do Barão da Três Ilhas, ou do " Barão Arrogante", como ele denomina seu bisavô.


Essa é uma história de resistência e amor às tradições, que muito nos emocionou. Com certeza, foi a experiência mais marcante nessa curta viagem.

Seu Maurício, de estatura pequena, entre 70 e 80 anos, de conversa solta e memória incrível, nos cativou com sua dignidade, postura humilde e com uma grande elegância ao nos receber. 

E é aí que começa esse "causo" que vamos contar para divulgar a luta desse Dom Quixote em manter a Boa Esperança.

Esta fazenda tem 145 anos e é original em quase toda a sua estrutura. A casa grande tem diversos espaços para visitação. Estes ambientes têm a mobília original e cada detalhe desses espaços são comentados pelo Sr. Maurício, com uma história de família. Além do mobiliário, existem as louças, documentos, fotos antigas, roupas, chapéus, brinquedos... enfim... tudo que o Sr. Maurício guarda com tanto carinho... De fato, é um tesouro histórico e afetivo sem tamanho.






Como uma pessoa sozinha pode manter uma fazenda de 15 cômodos, 5 salões, cozinha, e um banheiro? Fora a tulha e todo o espaço externo? Que dirá se essa pessoa vive com um salário mínimo e que depende da contribuição das visitações?


Incrível... um vaso sanitário de louça, todo trabalhado em relevo, do início do século XIX!!??

Como não se comover com a resistência desse pequeno, grande homem, tão cansado, mas cheio de alegria em nos receber e contar com entusiasmo sua história familiar?


Tudo é beleza na Boa Esperança... mesmo com as marcas do tempo.







E no final da visita à casa grande, Seu Maurício nos serviu um lanche com o café que ele próprio preparou. Esta é a famosa acolhida mineira!


Depois do lanche fomos conhecer a tulha, que ainda conta com os equipamentos originais para o armazenamento do café.


o piso de pedra original, onde era feita a secagem do café

A tarde acabou e não dava vontade de sair de perto do Seu Maurício. 


E fomos embora com o coração apertado e muito emocionados com a história de resistência solitária dessa pessoa encantadora e obstinada. 

Como o IPHAN, ou o Instituto do Patrimônio Histórico do Estado de Minas Gerais ainda não tombaram esta fazenda? Estão esperando que os cupins e as intempéries acabem com esta beleza arquitetônica? 

Só temos que desejar vida longa ao Seu Maurício e à Boa Esperança! 

E se porventura alguém se interessar em conhecer Rio das Flores, façam uma visita ao Seu Maurício e com certeza terão uma tarde bem agradável, além de ajudar a Boa Esperança.

E no domingo, de volta pra casa, desviamos o roteiro de ida e fomos almoçar em Conservatória, que é um distrito de Valença, pertinho de Rio das Flores.


Conservatória é o reduto da seresta no Estado do Rio de Janeiro.


Em Conservatória tem um camping... vamos pra lá e conhecer?

E fomos conhecer o Camping Serras Verdes. Estava chovendo e o solo um tanto encharcado...

Área de camping

e ainda conversamos com um grupo bem bacana que estava acampado por lá.

Banheiros femininos

Pontos de luz na área de camping

É um camping pequeno e simples, mas nos pareceu limpo e com uma certa estrutura. Não fica longe do centro de Conservatória.

Enfim... mais um local para aproveitarmos o Vale do Café. 

Assim, acabou o fim de semana maravilhoso e, para finalizar, queremos agradecer a simpatia e acolhimento da família dona da Pousada Hibiscos.






Caminhando e Acampando em São Thomé das Letras

Depois de Carrancas partimos bem cedinho para São Thomé das Letras.

Mais um dia bonito de sol e calor. 

Dessa vez pegamos a BR-265 e percorremos aproximadamente 44 km.


Caminhando e seguindo a canção com Skank.


Depois de quase 3 horas de viagem, no início da tarde chegamos no Camping do Noel. Quando ainda estávamos em Carrancas, pegamos sinal de wi-fi em um restaurante no centro da cidade e pesquisamos os melhores campings de São Thomé. Assim, telefonamos para o Camping do Noel, já que tínhamos boas referências através de comentários de outros campistas.

Na cidade ficamos sabemos que, justamente naquele final de semana, haveria a Festa da Colheita, maior festa anual de São Thomé, e que era esperada uma quantidade muito grande de pessoas.

Afffff....logo a gente que gosta de sossego iria enfrentar uma multidão... ninguém merece!!!!

Mas, vamos lá...

O Camping do Noel fica mais ou menos há uns 3 km do centro de São Thomé em estrada de chão. Nesse dia a prefeitura estava dando um jeito na estrada por causa da festa. E tome poeira!


Fomos recepcionados com muita atenção pela Rosângela e sua família. Como ainda era quinta-feira, o camping não estava lotado e conseguimos montar a "Lindona" num lugar com uma vista incrível.





O Camping do Noel é muito espaçoso e o carro pode ficar junto à barraca. Não existe delimitação em lotes, e em grande parte é gramado. 



O camping conta com bicas de água mineral e churrasqueiras (instalamos a barraca ao lado). Também existem pontos de luz espalhados pelo camping (110 V).



Sempre acompanhados dos animais

Há duas baterias de banheiros femininos e masculinos (uma na parte alta e outro na parte baixa do camping). Consideramos insuficiente se tiver muito movimento. Cada vez mais temos que considerar que o nosso Ecocamp (banheiro portátil) é extremamente importante pra vida no campo.




Há também cozinha comunitária que fica ao lado do restaurante. Vale ressaltar que o restaurante oferece refeição típica mineira, facilitando a vida de quem não quer cozinhar. 



Algumas áreas são bem sombreadas 

Campo de futebol bem grande

Tivemos a companhia dos vizinhos de barraca: Juliana e Jarbas. Casal de São José dos Campos super do bem. Muitos papos, passeios, jogo de cartas e refeições juntos.



No dia seguinte da nossa chegada a São Thomé fomos conhecer a cidade na parte da manhã.


O mapa da região central de São Tomé

A arquitetura:








A pirâmide:



Os totens:




O nosso

A vista:

Da cidade, a partir do morro do Cruzeiro



Da serra


As cachoeiras:


 Cachoeira das Borboletas



Cachoeira Antares

Lotada assim não rola!

Cachoeira Véu de Noiva




Curiosidades:

Ladeira do Amendoim: O carro sobe sozinho quando deveria descer... muito engraçado!



 e também...

a fachada mostra a "onda" de São Tomé das Letras





 e o artesanato local

Como tudo que é bom dura pouco... hora de voltar pra casa. 
Férias acabando...

E, retornando para o Rio, ainda num último suspiro de curiosidade por conhecer novos lugares, passamos por: 

Cambuquira:


E o Parque das Águas de Caxambu:



E trouxemos pra casa a saudade dessas terras mineiras que tanto gostamos, engarrafada, pra matar a saudade...